quinta-feira, 1 de maio de 2014

A INSERÇÃO DAS MULHERES NOS CAMPOS PROFISSIONAIS MASCULINOS

   Quando se fala em funções exclusivas para homens, logo nos recordamos de profissões como carpinteiro, mecânico, engenheiro, metalúrgico, frentista de posto de gasolina, caminhoneiro, etc. Está incluída nesse rol de profissões a de motorista do transporte coletivo.

Ônibus da linha Guamá Monte Pio, conduzido por uma mulher                          Foto: Nilmara de Melo
    Na cidade de Belém, entrar num ônibus coletivo conduzido por uma mulher é uma situação raríssima. Muitos usuários do transporte coletivo ainda não tiveram a oportunidade de ver uma mulher conduzindo um veículo do porte de um ônibus. Mas estas mulheres existem. Em Belém, elas são poucas, mas já contribuem para quebrar a ideia de que a mulher não pode conquistar os mesmos espaços que o homem.
Rosemeire de Almeida motorista de ônibus                                              Foto: Nilmara de Melo
   Rosimeire de Almeida (45a)  trabalha como motorista de ônibus há 11 anos e ainda hoje ela sofre preconceito por essa profissão ser uma feita na maioria por homens. 
"Eu ainda sofro preconceito hoje, mas quando eu entrei na profissão sofri mais preconceito dentro de casa, devido ao fato de uma mulher querer exercer a profissão que até então era exclusiva para homens." 
Rosemeire saindo para o trabalho.            Foto: Nilmara de Melo
Rosemeire acorda todos os dias de trabalho às 4:30 da manhã e chega ao trabalho às 5:30, é o horário que pega o ônibus na garagem para dar as voltas, que no total são cinco.
"Nesses anos que estou trabalhando já construí um vínculo de amizade com alguns passageiros que até esperam eu passar para poder vim comigo. Ganho presentes, elogios o que é mais importante, o carinho de todos."


Rosemeire buscando o ônibus para sua primeira volta do total de cinco            Foto: Nilmara de Melo 



















   No Brasil, a incorporação feminina ao mercado de trabalho começou efetivamente na década de 1970 e, desde então, vem aumentando significativamente.
No entanto, ainda foram constatadas algumas irregularidades: as mulheres continuam sendo responsáveis pelas atividades domésticas e pelo cuidado com os filhos pequenos; ainda há a concentração em atividades precárias e em ocupações femininas tradicionais; e as desigualdades salariais permanecem, principalmente nas boas ocupações.
Meio do percurso e ônibus já lotado                                          Foto: Solange Medeiros
Local de trabalho da motorista                            Foto: Nilmara de Melo
     As mulheres continuaram sendo discriminadas no trabalho: ganhavam menos do que os homens que estavam na mesma atividade, tinham mais dificuldade do que eles para ter acesso a cargos de chefia e, o que é pior, os diferenciais de salários entre os sexos aumentavam com o tempo de serviço. Pelo fato de serem mulheres, elas ainda são mal vistas por alguns. A discriminação parte principalmente dos usuários do transporte coletivo. Em pequena escala, também são discriminadas pelos colegas de trabalho e pelos próprios familiares.


As alimentações acontecem dentro dos próprios coletivos.  
Foto: Solange Medeiros

"Como trabalho no horário da manhã, a questão de alimentação é muito complicada, costumo comer nos intervalos de uma volta e de outra, é aquela correria. Às vezes chego em casa só 16 horas então a alimentação não acontece de maneira certa."
Rosemeire voltando para casa.                                       Foto: Nilmara de Melo
   Deste modo, pode-se concluir que a inserção das mulheres nos campos profissionais masculinos - e aqui se toma como base o caso das motoristas do transporte coletivo de Belém - está acontecendo de maneira lenta. E quando acontece, essa inserção já se dá de maneira problemática, pois para ingressarem no mercado de trabalho, as mulheres não dependem apenas do próprio mercado, mas também de suas possibilidades como mães e donas de casa. Nisso consiste seu principal desafio.

FOTOS: NILMARA DE MELO E SOLANGE MEDEIROS
TEXTO: SOLANGE MEDEIROS E NILMARA DE MELO 
EDITORA/DIAGRAMADORA: NILMARA DE MELO

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