quinta-feira, 8 de maio de 2014

SER MÃE NA ADOLESCÊNCIA

    É denominado gravidez na adolescência as gestações ocorridas antes dos 21 anos, pois é até essa idade que a mulher se encontra em desenvolvimento. Esse tipo de gravidez geralmente não é planejada o que faz com que exista uma quantidade alarmante de abortos e abandonos de crianças.

    A gravidez na adolescência, é um grande problema social, um dos fatos mais preocupantes relacionados a sexualidade dos adolescentes, pois envolvem muitas consequências para a vida dos adolescentes e de todo o meio envolvido. Pesquisas indicam que no Brasil, por volta de 20% das crianças que nascem são filhos de adolescentes. Este número representa três vezes mais garotas com menos 15 anos de idade gravidas que na década de 70.


Adolescente  grávida aos 16 anos.                   Foto: Solange Medeiros.  
    Ao engravidar, a jovem passa a encarar os processos de transformação da adolescência como os da gestação. Isto, nesta fase, importa uma sobrecarga de esforços físicos e psicológicos tão grande que para ser melhor suportada necessitaria que a jovem aceitasse a gravidez e ter desejo de ser mãe. Porém, geralmente não é o que acontece: as jovens se assustam e angustiam-se ao constatar que aconteceu com elas algo imprevisto e indesejado. Só este fato torna necessário que seja alvo de cuidados materiais e médicos apropriados, de solidariedade humana e amparo afetivo especiais.

    Naiara de Melo (16a) engravidou aos 16 anos, e tanto para ela quanto para a família o anúncio da gravidez foi um susto, pois ainda hoje gravidez na adolescência é ainda visto com maus olhos em alguns núcleos de sociedade. 
Naiara de Melo sendo mãe ante de se tornar mulher.     Foto: Solange Medeiros    
"Jamais imaginava que eu me encontraria naquela situação, ser mãe antes mesmo de virar mulher, pra mim tudo aquilo era uma viagem. A pior parte de tudo foi anunciar aos meus pais. Mas nunca pensei em abortar ou doar meu filho, ou algo parecido. Graças a Deus que recebi um apoio imenso da minha família." (Naiara de Melo)





    O apoio da família é tão importante, pois a família é a base que poderá proporcionar compreensão, diálogo, segurança, afeto e auxílio para que tanto os adolescentes envolvidos quanto a criança que foi gerada se desenvolvam saudavelmente. Com o apoio da família, aborto e dificuldades de amamentação têm seus riscos diminuídos. Alterações na gestação envolvem diferentes alterações no organismo da jovem grávida e sintomas como depressão e humor podem piorar ou melhorar.
Pais adolescentes              Foto: Solange Medeiros

"Eu ainda pude contar com o auxílio do pai da criança, ele me apoiou e não me abandonou como aconteceu com muitas meninas que conheci. Na verdade ele sempre esteve e está ao meu lado, em meio a brigas estamos unidos, pois como ele ainda é bem novo que nem eu, ele não sofreu as mudanças que a gravidez proporciona ao corpo  e a mente." (Naiara de Melo)




    Cabe destacar aqui que não somente as mulheres sofrem com uma gravidez precoce, o pai da criança também sentirá a responsabilidade, assim como família dos dois envolvidos, os pais da criança provavelmente terão que parar de estudar, para trabalhar e sustentar essa nova e inesperada vida que surgiu entre eles.

    Assim haverá uma ruptura das atividades exercidas normalmente durante a adolescência, que são a interrupção dos estudos, convívio social, que muito provavelmente eles irão sentir falta um pouco a frente. As principais consequências que a jovem sofre com a gravidez precoce é a baixa autoestima, estresse, ansiedade, aumento de peso, todas essas consequências vem mais do fato da falta de convívio social que é imprescindível nessa época da vida.

Mudanças ocorridas com a chegada de um bebê.             Foto: Solange Medeiros
"E nasceu a pessoa que hoje se tornou a pessoa mais importante da minha vida, minha filha Naiandra. E eu agradeço a Deus por tudo o que tenho e eu amadureci muito ao me tornar mãe." (Naiara de Melo)

FOTOS: SOLANGE MEDEIROS
TEXTO: NILMARA DE MELO
EDIÇÃO/DIAGRAMAÇÃO: NILMARA DE MELO

quinta-feira, 1 de maio de 2014


Comemorações do dia do Trabalho foram marcadas por protesto em Belém.  

 A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1º de maio deste ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores. Foram dias marcantes na história da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida na capital francesa em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, que seria comemorado em 1º de maio de cada ano.


No dia 01 de maio 2014 as 09:00hs, na praça da republica, centro de Belém, centenas de trabalhadores de diversas categorias reuniram-se em um ato publico, através de caminhada em prol o avanço na luta pela dignidade dos trabalhadores, onde na oportunidade  reivindicaram seus direitos trabalhistas, dentre estes trabalhadores haviam moto-taxistas, camelos, feirantes, representantes dos sindicatos rurais ligados à CUT-PA (Central Única dos Trabalhadores) e outros. O manifesto tinha como trema: “Comunicação desafio do século”.
Durante a o evento, representantes da CUT e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) coletarão assinaturas do projeto de Lei de Iniciativa Popular por um novo marco regulatório para a comunicação.


O percurso da caminhada iniciou-se na av. presidente Vargas, Praça da Republica, com destino à são Brás praça do operário. 


EDIÇÃO/ PRODUÇÃO E REPORTAGEM : Luiz Claudio Oliveira

A INSERÇÃO DAS MULHERES NOS CAMPOS PROFISSIONAIS MASCULINOS

   Quando se fala em funções exclusivas para homens, logo nos recordamos de profissões como carpinteiro, mecânico, engenheiro, metalúrgico, frentista de posto de gasolina, caminhoneiro, etc. Está incluída nesse rol de profissões a de motorista do transporte coletivo.

Ônibus da linha Guamá Monte Pio, conduzido por uma mulher                          Foto: Nilmara de Melo
    Na cidade de Belém, entrar num ônibus coletivo conduzido por uma mulher é uma situação raríssima. Muitos usuários do transporte coletivo ainda não tiveram a oportunidade de ver uma mulher conduzindo um veículo do porte de um ônibus. Mas estas mulheres existem. Em Belém, elas são poucas, mas já contribuem para quebrar a ideia de que a mulher não pode conquistar os mesmos espaços que o homem.
Rosemeire de Almeida motorista de ônibus                                              Foto: Nilmara de Melo
   Rosimeire de Almeida (45a)  trabalha como motorista de ônibus há 11 anos e ainda hoje ela sofre preconceito por essa profissão ser uma feita na maioria por homens. 
"Eu ainda sofro preconceito hoje, mas quando eu entrei na profissão sofri mais preconceito dentro de casa, devido ao fato de uma mulher querer exercer a profissão que até então era exclusiva para homens." 
Rosemeire saindo para o trabalho.            Foto: Nilmara de Melo
Rosemeire acorda todos os dias de trabalho às 4:30 da manhã e chega ao trabalho às 5:30, é o horário que pega o ônibus na garagem para dar as voltas, que no total são cinco.
"Nesses anos que estou trabalhando já construí um vínculo de amizade com alguns passageiros que até esperam eu passar para poder vim comigo. Ganho presentes, elogios o que é mais importante, o carinho de todos."


Rosemeire buscando o ônibus para sua primeira volta do total de cinco            Foto: Nilmara de Melo 



















   No Brasil, a incorporação feminina ao mercado de trabalho começou efetivamente na década de 1970 e, desde então, vem aumentando significativamente.
No entanto, ainda foram constatadas algumas irregularidades: as mulheres continuam sendo responsáveis pelas atividades domésticas e pelo cuidado com os filhos pequenos; ainda há a concentração em atividades precárias e em ocupações femininas tradicionais; e as desigualdades salariais permanecem, principalmente nas boas ocupações.
Meio do percurso e ônibus já lotado                                          Foto: Solange Medeiros
Local de trabalho da motorista                            Foto: Nilmara de Melo
     As mulheres continuaram sendo discriminadas no trabalho: ganhavam menos do que os homens que estavam na mesma atividade, tinham mais dificuldade do que eles para ter acesso a cargos de chefia e, o que é pior, os diferenciais de salários entre os sexos aumentavam com o tempo de serviço. Pelo fato de serem mulheres, elas ainda são mal vistas por alguns. A discriminação parte principalmente dos usuários do transporte coletivo. Em pequena escala, também são discriminadas pelos colegas de trabalho e pelos próprios familiares.


As alimentações acontecem dentro dos próprios coletivos.  
Foto: Solange Medeiros

"Como trabalho no horário da manhã, a questão de alimentação é muito complicada, costumo comer nos intervalos de uma volta e de outra, é aquela correria. Às vezes chego em casa só 16 horas então a alimentação não acontece de maneira certa."
Rosemeire voltando para casa.                                       Foto: Nilmara de Melo
   Deste modo, pode-se concluir que a inserção das mulheres nos campos profissionais masculinos - e aqui se toma como base o caso das motoristas do transporte coletivo de Belém - está acontecendo de maneira lenta. E quando acontece, essa inserção já se dá de maneira problemática, pois para ingressarem no mercado de trabalho, as mulheres não dependem apenas do próprio mercado, mas também de suas possibilidades como mães e donas de casa. Nisso consiste seu principal desafio.

FOTOS: NILMARA DE MELO E SOLANGE MEDEIROS
TEXTO: SOLANGE MEDEIROS E NILMARA DE MELO 
EDITORA/DIAGRAMADORA: NILMARA DE MELO

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Os Transtornos da violência na vida do trabalhador.


            Em plena véspera do dia do trabalhador, os autos índices de violência ainda assustam muito a população de Belém. Pois, no início da tarde desta quarta-feira (30) este indivíduo, ainda não identificado, tentou efetuar um assalto nas dependências do bairro da Nova Marambaia em Belém, a um cidadão, que segundo populares, era um policial a paisana. 
As testemunhas afirmam que no momento que o meliante abordou o cidadão, para fazer o assalto, o mesmo se deu conta de que se tratava de policial que estava armado, e então a reação do bandido foi de fugir o mais rápido possível do local, porém o policial sacou a sua arma, efetuando assim, cinco tiros, onde um atingiu o assaltante. Baleado, o mesmo foi cercado pela população que queria certificar-se que o mesmo já estava morto, porém no local havia um trabalhador fardado do corpo de Bombeiros, e este com dificuldade, conteve a população que queria açoita-lo.  
O que a população não esperava, era que o bandido estava se fingindo de desacordado, pois quando o socorro chegou o mesmo levantou com tranquilidade e com pouca ajuda, foi caminhando até a viatura de socorro dos bombeiros, causando assim, revolta na população. 

O que causa mais espanto nisso tudo, além da tentativa de assalto em si, e os disparos efetuados em pleno movimento, é que o assaltante baleado estava contando com um Moto taxista para se evacuar da área após a pratica do assalto. Questionado pela população, o Moto taxista que estava no local, se defendeu dizendo que estava apenas fazendo o seu trabalho e que não sabia que se tratava de dar fuga ao meliante.

O envolvimento de bandidos com outros “bandidos” que se vestem de moto taxista, não é de agora, e isso é um mal que assusta a população, pois quando se faz necessário o uso do moto taxi, não se sabe se estamos pegando um trabalhador honesto, que luta todos os dias para dar sustento a sua família, ou é mais um vagabundo que está apenas esperando um momento certo para dar o bote.

Há pouco tempo os motos taxistas de Belém tiveram a sua regulamentação aceita através de decreto oficial, pela prefeitura municipal de Belém, e isso deixa a população um pouco mais aliviada em relação à segurança do uso do moto taxi como seu meio de locomoção, porém, isso não inibe a formação de novas “cooperativas clandestinas” na capital, deixando a credibilidade do trabalhador formal em cheque.  
Rubens Macêdo, moto taxista legalizado desde a regulamentação, diz que é necessário mais rigor nas fiscalizações. -“Com a nossa regulamentação, ficou mais organizado o nosso modo de trabalhar e isso passa segurança para a população, que está mais segura em optar pela mobilidade e rapidez de um moto taxi, fora o custo, que é mais em conta. O que realmente ainda nos prejudica é quem tá na clandestinidade, e suja o nosso movimento. Nós achamos necessário que a prefeitura de Belém, através da Semob, seja mais rigorosa com os clandestinos, só assim poderemos estar respaldados com o restante da população.”  


Equipe: 
Matéria: Felipe Mendonça e Rafael Baia
Fotos: Stéphanie Christie

quinta-feira, 10 de abril de 2014

As Erveiras e suas simpatias

(ervas, garrafadas, sabonetes e pomadas)

Donas de uma simpatia sem igual às erveiras do Ver-o-Peso conquistam cada visitante que passa no local, cheias de sabedorias e crendices elas sempre convencem qualquer um a levar uma de suas ervas, garrafadas, talismã ou como elas mesmo dizem “Mandinga”.

Em garrafas de todos os tamanhos, com ervas de diferentes nomes, elas garantem que podem “abrir os caminhos” tanta na vida pessoal, quanto na vida profissional, trazendo energias positivas e afastando “coisas ruins” do corpo e da alma.

(atrativos para boas energias)

Erveira há sete anos, dona Lili, explica que todas as erveiras usam as ervas em beneficio próprio, tanto para a saúde quanto pra atrair dinheiro e amor, ela que tem 30 anos disse que seu marido que eh 10 anos mais jovem que ela, vive “nos seus pés”, graças às todas as simpatias que ela utilizou para “prende-lo”, e tudo que aprendeu foi graças a sua avó, dona Lili é neta de Dona Coló uma das erveiras mais conhecidas e com mais experiência no ramo.

Lili explica que antes de usar qualquer uma dos “atrativos” é necessário primeiro fazer um banho de descarrego, para tirar qualquer energia negativa que a pessoa tiver no corpo e então ele pode passar as porções que irão fazer as simpatias funcionarem.

(Barraca com suas simpatias prontas)

(Dona Lili e um de seus “atrativos” favoritos)

Lili afirma, que tudo que tem em sua vida ela deve as ervas e as simpatias, diz que não sai de casa sem passar uma de suas proteções e que tem seus segredos e não revela a ninguém e que se alguém tiver alguma amiga “encalhada” pode ir à sua barraca que ela da um jeito.

(Atendendo seus clientes)

(óleo para "abrir os caminhos”)





O Trabalho no Mercado Ver-o-Peso

O Mercado do Ver-o-Peso, situado à beira do rio Guamá, com uma beleza e originalidade que só esse Mercado possui, oferece uma variedade de produtos. Com isso, uma multiplicidade de trabalhos, que poderíamos dividir em setores como: ervas medicinais, artesanato, pesca, feira, limpeza, segurança, refeições, entre outros.
(Foto: Laís Tavares)

Clotilde, mais conhecida como tia Coló, trabalha há 33 anos no Mercado, com ervas, banhos, perfumes, óleos medicinais e pomadas caseiras. Tia Coló, risonha e com uma simpatia inigualável, afirma que seu dia-a-dia é maravilhoso. Conta-nos que já participou de vários programas: como Vídeo Show, Globo Repórter, entre outros. Já recebeu em sua banca alguns artistas, como Carlos Massa (Ratinho), Gugu Liberato e Olivier Anquier com quem já preparou uma maniçoba, dentre outros artistas. Muito sorridente, tia Coló diz: “só em ter o prazer de trabalhar no Ver-o-peso, não há coisa melhor. Eu tenho muito orgulho de ser feirante, de ser uma erveira.” Tia Coló finaliza a entrevista, cantando: “Eu voltei agora pra ficar, porque aqui, o Ver-o-peso é o meu lugar.”

(Foto: Laís Tavares)

(Foto: Alyne Lisboa)

Alonso trabalha há 30 anos com artesanatos no Mercado, disse que veio do interior, e desde a adolescência trabalha no mercado do ver-o-peso e que é muito “bacana” trabalhar em um local que é ponto turístico, pois mistura trabalho com lazer, “sou muito feliz com o que faço e a cada dia é uma nova aprendizagem, tenho uma ótima relação com meus clientes e já conquistei muitos amigos nesse local”, Conta.
(Foto: Laís Tavares)

Ricardo, 36, é pescador e trabalha descarregando peixe há 15 anos na ‘pedra’ do mercado do ver-o-peso, “minha vida é isso, a gente faz isso todo dia. Gosto do meu trabalho, na medida do possível”, conta. Apesar de o trabalho ser no ver-o-peso, segundo ele não depende do mercado, pois ele é de vigia e nem sequer recebe alguma ajuda, “tem gente aqui que recebe ajuda do governo. A gente não recebe isso, acho que porque a gente é de fora, por isso a gente não depende daqui”, desabafa.
(Foto: Daiane Coelho)

Daniel Rodrigues Pereira, 59, vendedor de legumes há 30 anos, nos contou que trabalha no mercado por que gosta, pois anteriormente, trabalha empregado, mas decidiu ser autônomo. Trabalhar no mercado foi sua escolha. Apesar da necessidade que sente em trabalhar em um local com estrutura insuficiente, se considera feliz, “gosto do que faço, mesmo que trabalhe no período da noite até o amanhecer, porque tenho meus clientes fieis.”, finaliza.
(Foto: Daiane Coelho)

Marivaldo Caldas Pontes, 54, agente de limpeza do Mercado, há dois anos, disse que a limpeza no mercado está melhor, pois antigamente era apenas uma equipe de limpeza, e agora são duas, uma na parte da manhã e uma da noite, “passei no concurso da prefeitura, e fui lotado pra cá. Eu gosto do que eu faço, ainda que algumas pessoas me olhem com discriminação, mas eu tenho orgulho do meu trabalho. Mas o veropa  precisa de um pouco mais segurança, porque aqui é demais”, opina.
(Foto: Alyne Lisboa)

Cabo Maués, 46, trabalha na polícia há 26 anos, Conta que o trabalho da Polícia Militar no Mercado é de 24hs, e são divididas em turnos, “eu pego das 13hs00min às 19hs00min”. Diz trabalhar de acordo com a ferramenta que lhe é dada, “o policial no nosso país trabalha com as ferramentas que tem, dentro das necessidades, e faz de tudo para que o trabalho certo. Apesar das ocorrências serem constantes, o trabalho é feito de acordo com a lei e com a devida severidade.”, relata.
(Foto: Daiane Coelho)

Domingos Dias da Silva, 65, trabalha no mercado do ver-o-peso há 51 anos. Veio do município de Soure, Ilha de Marajó com apenas 14 anos, e começou a trabalhar com cera e aço, posteriormente passou a vender peixe salgado. Percebeu que houve grandes mudanças no ver-o-peso, e acredita que ainda vai melhorar muito mais, pois praticamente mora no Mercado, “vim parar aqui, e aqui eu vou ficar, até quando Deus quiser”, conta.

Texto e Edição: Alyne Santiago Lisboa, Claudia Daiane Coelho dos Santos e Laís Cardoso Tavares.
Fotos: Alyne Santiago Lisboa, Claudia Daiane Coelho dos Santos e Laís Cardoso Tavares.

Monumentos Históricos

 Mercado de Ferro


Em 1847, com o término do contrato de arrendamento, foi iniciada a construção dos Mercados de Peixe e de Carne, este último também conhecido como Mercado municipal ou Mercado Bolonha, uma vez que sua edificação foi feita pelo engenheiro Francisco Bolonha. A construção do mercado de ferro, como inicialmente era conhecido o Mercado de Ver-o-Peso, foi autorizada com o projeto Henrique La Rocque, teve inicio no ano de 1899. Toda a estrutura de ferro do mercado foi trazida da Europa seguindo a tendencia francesa de art nouveau da belle époque. Foi inaugurado em 1901.




 Mercado Municipal de Carne Francisco Bolonha




Inaugurado em 1909, e todo feito de ferro trazido diretamente da Inglaterra, o "Mercado de Carne" é de uma riqueza de detalhes surpreendente. Nesse mercado a carne era vendida ao ar livre e sem refrigeração.O Mercado Municipal de Carne Francisco Bolonha foi reformado pela prefeitura em parceria com o programa Monumenta, do Ministério da Cultura.





Fotos: Édria Modesto

Texto: Édria Modesto

O comércio no maior mercado a céu aberto da América Latina: Ver-o-Peso.


O mercado do Ver-o-Peso (Foto: Rejane Lopes)

Às margens da Baía Guajará, considerado o maior mercado a céu aberto da América Latina, o Ver-o-Peso completa 387 anos de existência.

A venda de frutas no complexo (Foto: Rafaela Collins)


Durante mais de três séculos, milhares de vendedores e consumidores andam pelo complexo todos os dias. A travessa Boulevard Castilhos França, no bairro da Cidade Velha, em Belém, abriga o maior comércio de frutas, peixes, açaí, ervas, comidas, verduras e legumes, artigos religiosos e artesanato regional, que são uns dos principais atrativos do Ver-o-Peso. Lá, o comércio começa a funcionar desde antes do nascer do sol, às 2 horas da manhã, com a chegada de barcos carregados com peixes e açaí.



O caldo do tucupi, tipicamente paraense, é um dos itens mais vendidos no Ver-o-Peso (Foto: Thamyris Assunção)


Cachos de pupunha a venda. (Foto: Rafaela Collins)


Tomates e cenouras: O preço e a qualidade dos produtos são os maiores atrativos no comércio do Ver-o-Peso. (Foto: Thamyris Assunção)


O mercado também abriga muitas histórias. É o caso de Raimundo da Silva, de 61 anos, que trabalha desde os 12 anos no Ver-o-Peso. Ele começou a trabalhar com a venda de legumes e verduras, e há 26 anos vende peixe no mercado.
Seu Raimundo conta que os dias de mais movimento no mercado de peixe são as sextas-feiras e sábados, e que os peixes mais procurados são a dourada e o filhote. "Eu cresci aqui e me orgulho muito do meu trabalho. Só saio daqui quando não puder mais voltar", afirma o vendedor.

O dia-a-dia do mercado de peixe. (Foto: Rafaela Collins)


O vendedor cortando o peixe. (Foto: Thamyris Assunção)

Isso também é o que diz José Serrão, de 62 anos. Ele trabalha no mercado com a venda de farinha há quase quatro décadas. "Trabalho no Ver-o-Peso desde os 12 anos. Esse ponto era dos meus pais e hoje é meu", conta o feirante.

Seu José vendendo a farinha de todo dia. (Foto: Rafaela Collins)


O feirante contabilizando as moedas. (Foto: Rafaela Collins)


Nas épocas de festejos, principalmente próximo ao círio e natal, o mercado fica ainda mais movimentado. Turistas e os próprios moradores do município lotam os espaços do complexo.


As cuias com grafismo marajoara fazem parte do artesanato regional e contam um pouco da história da região amazônica. (Foto: Thamyris Assunção)


Os óleos da Amazônia, comercializados no setor de ervas do Ver-o-Peso, despertam a atenção de turistas do Brasil e do mundo. (Foto: Thamyris Assunção)


As famosas garrafadas medicinais atraem pelo exotismo e fazem parte da crença do povo paraense. (Foto: Rafaela Collins)


Todo o misticismo reunido na barraca. (Foto: Rafaela Collins)



Hoje, o Ver-o-Peso é considerado o maior ponto turístico e cultural da cidade, além de ser reconhecido como patrimônio histórico. Uma das sete maravilhas brasileiras, o mercado une comércio, turismo, histórias e pessoas de todos os lugares.



Texto e edição: Rejane Lopes
Fotos: Rafaela Collins e Thamyris Assunção