quinta-feira, 10 de abril de 2014

O Mercado Marítimo do Ver-o-Peso

 (Pedra do peixe no Ver-o-peso)

              Em meio a grandiosidade que tem o cartão postal mais famoso de Belém do Pará, o Ver-o-Peso, está uma boa parte da economia da capital. Estima-se que o complexo do Ver-o-Peso movimenta mais de R$ 1,3 milhão por dia em Belém, e grande parte desta movimentação, envolve o mercado marítimo, que entre outros produtos trazidos pelos pescadores, como caranguejos, camarões, etc., se destacam a venda peixes trazidos da região do Marajó pelos pescadores da zona do salgado. Esses pescadores trabalham de forma árdua, passando mais ou menos 20 dias em meio ao rio para fazer a pesca, e voltam com nada mais, nada menos que em torno de 5 toneladas de peixe para vender na famosa pedra do pescado em Belém. Essa quantidade de peixes é vendida em no máximo três dias, e a maioria esmagadora dos clientes são os comerciantes que trabalham dentro do mercado municipal de Peixes da Capital.


( Local de atracagem dos barcos pesqueiros no Ver-o-peso)

             Esses trabalhadores que atuam dentro do mercado, também madrugam na pedra do pescado para conseguir os melhores peixes, e assim fazer a revenda, porém, ultimamente, esses vendedores têm encontrado algumas dificuldades para manter o seu comércio, pois o mercado de peixes se encontra em uma obra de revitalização interna e externa, e segundo eles isso está prejudicando o trabalho, por conta do descaso do governo federal, como afirma o vendedor de peixes Robson Silva, que com mais de 26 anos de Ver-o-peso, sente que o seu lucro está ameaçado às vésperas do maior movimento do ano, a Semana Santa.

( Parte do mercado do peixe que se encontra em reforma)


( Robson é vendedor de Peixe na Feira do Peixe há mais de 20 anos )

( Espaço dos vendedores tem para disponibilizar seus pescados )

( Pescada )

- "Agora, está muito difícil de vender o peixe, por causa dessa obra, porque quem vem comprar peixe, pensa que o mercado está fechado, e por causa disso o fluxo de pessoas aqui dentro, vem diminuindo a cada dia." Afirma Sr Robson. Ele afirma também que, para que o mercado municipal de peixe possa atingir um contingente de clientes, é necessário que a associação dos vendedores de peixe, faça anúncios em rádios, fator esse, que antes da obra não era preciso, gerando assim, para eles, certo prejuízo. Ele afirma ainda que, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) não dá nenhum retorno sobre a continuação e entrega da obra. 

Esse descaso por parte do governo federal, para com o mercado de peixes de Belém, a qual é patrimônio histórico da humanidade, é notório, pois quem entra no mercado logo percebe que a obra que custou algo em torno de R$ 5,4 milhão, está completamente parada e a falta de estrutura interna nos ressalta que tudo continua exatamente como era, ou seja, nada mudou. 

A equipe do blog Sintetize entrou em contato com o IPHAN, órgão ligado ao ministério da cultura que é o responsável pela obra de revitalização mercado municipal de peixes de Belém, por diversas vezes, para saber por qual motivo a obra se encontra parada e também saber a previsão de entrega, porém, não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

Apesar de todas as dificuldades, o Sr. Robson, tem orgulho de ser paraense e acima de tudo, ama e tem orgulho do que faz e se dedica pontualmente todos os dias ao seu trabalho, a venda do pescado. Ele é capaz de defender com unhas e dentes, o lugar do qual, já é íntimo há muito tempo e não tolera que ninguém fale mal do Ver-o-peso.
( Robson fazendo, segundo ele, o que mais gosta )

- “Meu pai me trouxe aqui pela primeira vez quando eu tinha 8 anos de idade, hoje eu tenho 34 anos, e lá se vão 26 anos só de Ver-o-peso, é, já estou meio velho.”

- “Estou aqui todos os dias à 01:30 da manhã, venho até mesmo quando estou doente. Daqui só saio quando eu morrer.”

 - “Alexandre Pires e Luan Santana não pisam mais aqui, porque eles disseram que o ver-o-peso é fedorento, e eu me senti ofendido com isso. E se eles voltarem, taco tomate e o peixe mais podre que tiver.” Afirma o Sr. Robson.

( Vista do Forte do Presépio da feira do açaí e Ver-o-peso)

Por conta disso, a Prefeitura de Belém, a partir da secretaria municipal de Turismo, ordenou que todos os dias após o trabalho, a pedra do pescado seja tratada higienicamente, e também proibiu a venda e o desembarque de qualquer produto nos dias de domingo para também manter a limpeza do local.

Equipe: 
Reportagem: Rafael Baia
                    Felipe Alexandre
                    Stephanie Christie
Texto: Felipe Alexandre
Fotos: Stephanie Christie



Um comentário:

  1. Olha que legal, adorei.
    Parabéns pela matéria. E já sinto a ansiedade e a curiosidade de ver e ler mais matérias de vocês.

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